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Tinturaria das Dornas

Esta área arqueológica caracteriza-se pela preservação dos poços cilíndricos de granito que constituíam as estruturas de assentamento das dornas de madeira. Estes grandes recipientes tinham por finalidade permitir o tingimento dos panos com pastel ou com anil, através de um processo de fermentação, assim como realizar outras operações de tinturaria como a mordentagem. Os recipientes serviam ainda para a lavagem final dos panos que já tinham sido tingidos nos banhos aquecidos nas caldeiras de cobre assentes em cada uma das três fornalhas desta sala.

Gravura que apresenta o funcionamento da tinturaria da Manufactura dos Gobelins, que serviu de modelo a esta fábrica, que permite reconstituir o ambiente que existiu neste local, nos finais do séc. XVIII e em inícios do séc. XIX.

Os produtos tintureiros utilizados nas tinturarias da Real Fábrica de Panos eram essencialmente de origem orgânica. Nas vitrinas desta sala apresentam-se amostras dos vários produtos tintureiros.

O Anil, originário da América - Brasil e colónias espanholas -, de África e da Ásia, resultava de uma planta sujeita a fermentação e que, depois de triturada, era utilizada nos banhos quentes dando origem a várias tonalidades de azul.

O Pau-Brasil era obtido directamente da pulverização do caule desta árvore brasileira, extraindo-se dele vários tons que poderiam ir do castanho e violeta até ao alaranjado, vermelho e escarlate.

Os fardamentos das tropas do Reino e das Colónias portuguesas eram tingidos na Real Fábrica de Panos. Assim, aqui se gastavam grandes quantidades de anil, de que se obtinha o azul característico, como também de cochonilha, granza e pau- brasil, dos quais se obtinha o vermelho.

Na Tinturaria das Dornas existem sete poços cilíndricos e três fornalhas. Em primeiro plano observa-se a reconstituição de uma dorna, realizada a partir dos anéis de metal encontrados durante as escavações.

O processo de tingimento utilizado nesta sala era o de fermentação (água + corante + mordente), através de calor indirecto. A temperatura desta operação rondava os 40º a 45º centígrados. Nesta sala são visíveis as condutas de escoamento das águas.

Vista parcial das fornalhas e das bocas de alimentação cuja entrada se encontrava no corredor, de uma fornalha reconstruída com a respectiva caldeira de cobre e das estruturas de assentamento das dornas.

Réplica de uma caldeira de cobre, cuja capacidade ronda os 4500l e os 5000l de água.

Nestas caldeiras eram tintos tecidos de 40 a 50m, técnica demonstrada na gravura que se encontra na parede desta sala. A gravura ilustra o funcionamento da Tinturaria parisiense dos Gobelins, a qual foi indiscutivelmente a origem da estrutura e das técnicas usadas na Real Fábrica da Covilhã.

Aspecto geral da sala da Tinturaria das Dornas. Do lado direito da imagem estão as fornalhas, parcialmente destruídas. Foi neste local que funcionou, nos tempos do Quartel, a cozinha dessa instituição. A estrutura geral da Tinturaria da Real Fábrica foi meticulosamente estudada e, actualmente, é possível "respirar" o ambiente vivido em todo o espaço. Para além das fornalhas e dornas, nas vitrines estão expostos os objectos encontrados nesta área aquando das escavações arqueológicas, sendo complementados com gravuras expostas referentes às temáticas abordadas: gravuras dos fardamentos militares e de plantas tintureiras.

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