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Tinturaria das Lãs em Meada

Nesta sala apresentam-se os processos de tingimento a quente, das lãs em fio ou em meada, que eram praticados numa manufactura estatal do Antigo Regime. Pretende-se ainda testemunhar a profunda relação existente entre o trabalho desenvolvido numa manufactura de Estado e o que continuava a ser feito em regime doméstico. Diversas operações de fabrico continuaram, após a construção deste edifício, a ser executadas fora da Real Fábrica de Panos, nomeadamente as operações de lavagem, cardação e fiação, esta última realizada em escolas situadas em diversas localidades da região.

Na área arqueológica encontram-se preservadas as estruturas graníticas em que assentava a única caldeira existente nesta sala que funcionava a lenha, a fogo directo.

Gravura que encena o funcionamento desta sala da tinturaria. O tingimento das lãs, em fio ou em meada, era uma operação que antecedia a da tecelagem, sendo realizada neste local.

Vitrina que apresenta uma panorâmica geral do trabalho da lã, desde a tosquia dos rebanhos de ovelhas até à ultimação dos panos.

Os panos, depois de tecidos, iam aos pisões para encorpar. Trata-se de uma operação de acabamento realizada em barcas que possuíam um eixo de onde se suspendiam fortes batentes (martelos) que, através de movimentos accionados manualmente, comprimiam os tecidos neles submersos numa solução aquosa a quente. Os pisões situavam-se geralmente junto aos cursos de água e encontram-se ainda hoje diversos vestígios destes na Covilhã. Nesta sala apresenta-se uma cartografia com a localização aproximada dos pisões da Ribeira da Goldra e uma fotografia com o edifício do pisão (hoje já desaparecido) da Real Fábrica de Panos, localizado no Sítio do Sineiro, na Ribeira da Carpinteira.

Vista parcial da sala da Tinturaria das Lãs em Meada, na qual estão expostos vários objectos de interesse histórico. Encontra-se patente uma urdideira, peça que trabalhava em simultâneo com o casal, que agrupava os fios por ordem de cor e a urdideira recebia-os e padronizava-os. De seguida, os fios já padronizados eram dispostos paralelamente, numa outra peça que dá pelo nome de tambor, para que entrassem correctamente no órgão do tear, para constituírem a estrutura (teia) com que se tecem os panos.

Vista parcial da sala da Tinturaria das Lãs em Meada, na qual se encontra ainda conservado o lageado original da Real Fábrica, o único que resistiu à passagem do tempo e às alterações que as instalações sofreram quando foram ocupadas pelo Quartel de Infantaria, a que se seguiu o de Caçadores 2. Estão expostas tinas de cobre que serviam para tingir as meadas de lã. Estas eram dispostas em canas ou varas que eram rodadas constantemente, de modo a que o tingimento penetrasse nos fios e fosse uniforme. As temperaturas desta operação variavam entre os 90º e 100º.

Nesta vitrina estão representadas as várias fases do tratamento da lã, até chegar ao estado final. Tosquiada no início da Primavera, era vendida pelos criadores de gado e armazenada numa casa situada na Rua Peso da Lã, denominação ainda actualmente em vigor. Pesada a lã era cobrado um imposto para o concelho. Separada em cestos consoante a qualidade (na Real Fábrica era usada lã de 1ª qualidade), era de seguida lavada e cardada. Estão também dispostos vários instrumentos que faziam parte do dia-a-dia da manufactura: canelas, rocas e fusos, candeias de azeite, dedais, esbicas e vassoura para limpeza dos panos, assim como duas amostras de tecido antes e depois de apisoado. Está também presente um fragmento de roda hidraúlica e a respectiva maqueta, realizada pelo último construtor de rodas hidraúlicas da Covilhã.

A única fornalha existente nesta sala era mais pequena que as restantes existentes na Real Fábrica. Destinava-se a tingir vermelhos e escarlates, e a caldeira que era incorporada na fornalha era de uma liga de estanho e chumbo - as caldeiras de cobre não podiam ser utilizadas no tingimento destas cores pois o contacto provocava reacções químicas que alteravam gravemente o resultado final. O processo usado para aquecimento do banho era também o do fogo directo.

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