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250 anos da Real Fábrica de Panos

A história portuguesa passou pela Covilhã nos últimos duzentos e cinquenta anos e a sua maior marca é a indústria dos lanifícios.

Aproveitamos este acontecimento para refletir sobre ele no preciso momento em que se completam os duzentos e cinquenta anos do estabelecimento da Real Fábrica de Panos por resolução régia com a data de 26 de junho de 1764.

Com efeito a produção de tecidos de lã fez todo o seu percurso, desde a Idade Média, pelo período dos Descobrimentos, até à atualidade, com um forte apego ao maior polo urbano da Beira-Serra. Sumariamos os principais momentos: os privilégios foralengos de isenção de portagens em 1186 por D. Sancho I; a reorganização do pastoreio em 1500 no reinado de D. Manuel I; a nomeação dos responsáveis da Feitoria dos Panos, em 1528, no reinado de D. João III; a elaboração dos regimentos em formato mercantil, no reinado de D. Sebastião, em 1573, e durante o governo do Conde da Ericeira, em 1674, no reinado de D. Pedro II; as medidas pombalinas de organização do setor industrial com a criação da Junta do Comércio, em 1755, no reinado de D. José; os incentivos à industrialização, durante a Regeneração, com as sucessivas exposições, uma das quais, programada para ser exibida em dois salões da Real Fábrica em setembro e outubro de 1866; as leis do condicionamento industrial durante o Estado Novo; os novos incentivos à modernização durante a adesão à CEE, atual União Europeia; e as novas formas da indústria nos nossos tempos de globalização.

Foi muito abrangente a governação do Marquês de Pombal, intervindo nos setores do ensino, da cultura e da religião, mas particularmente na economia, indústria e comercialização. Na região da Beira Interior, fundou a Real Fábrica de Panos da Covilhã, em 1764, que se constituirá o cume da atividade por liderar o tingimento e acabamento dos tecidos cujas evidências arqueológicas das respetivas atividades produtivas estão musealizadas no principal edifício da UBI que guarda todas as suas características monumentais.

A Covilhã ocupou um lugar central na indústria têxtil portuguesa durante os cerca de setenta anos em que vigorou a Junta do Comércio, estando nela estabelecido um Superintendente e Juíz Conservador com poderes de corregedor desde Castelo Branco a Pinhel. Todavia, depois da revolução liberal e até à atualidade, o destaque da atividade na região continuou garantido pela capacidade de inciativa dos seus empreendedores privados, pela qualidade dos seus operários, pelo empenho dos seus autarcas e pela dimensão dos edifícios ligados à atividade, entre os quais, os desta Fábrica Real de Panos, que também foi utilizada como Quartel e para outras funções da mais alta dignidade, caso destas agora de estabelecimento de ensino Superior e de Museu.