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Colecções

O Museu de Lanifícios, considerado um museu de território, tem por missão salvaguardar e conservar activamente o património industrial têxtil móvel, assim como promover a investigação e divulgar as tecnologias associadas à manufactura e à industrialização dos lanifícios numa região que tem por matriz a Serra da Estrela e por centro histórico a cidade da Covilhã, nas suas diversas vertentes patrimonial, económica, político-social, científica-técnica, artística e cultural.

Deste modo, a constituição da colecção museológica do Museu de Lanifícios iniciou-se com a descoberta das estruturas arqueológicas pertencentes às Tinturarias da Real Fábrica de Panos, aquando das obras de reabilitação e reconversão do edifício em estabelecimento de Ensino Superior e da sua classificação como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto nº 28/82 de 26 de Fevereiro. Com a iniciativa e coordenação da Universidade da Beira Interior, foi elaborado pela Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial - APAI e desenvolvido em parceria com a UBI o projecto de recuperação, restauro e musealização desta área, tendo-se constituído deste modo o primeiro núcleo do Museu de Lanifícios, a Real Fábrica de Panos, que foi inaugurado em 30 de Abril de 1992.

O acervo do Museu de Lanifícios abrange os bens móveis genericamente constituídos por colecções de máquinas, equipamentos, utensílios, documentos textuais, cartográficos e iconográficos, bem como de produtos têxteis (lãs, fios, amostras têxteis, tecidos e peças de vestuário), relativos aos períodos manufactureiro e industrial dos lanifícios. Para além da colecção móvel, o Museu de Lanifícios integra ainda os bens imóveis de interesse patrimonial, como a área das Tinturarias oitocentistas da Real Fábrica de Panos, o complexo edificado do edifício da Real Fábrica Veiga e o conjunto das Râmolas de Sol, ao Sineiro.

Os bens museológicos recolhidos, de acordo com a sua natureza, função e relevância patrimonial, histórica, cultural e cronológica, encontram-se instalados nos seguintes espaços técnico-funcionais:

Exposição Permanente das Tinturarias da Real Fábrica de Panos - privilegia bens de diversa natureza (suporte e função) relacionados com os processos manufactureiros do tingimento de panos e lãs e da transformação de fibras em tecido, abarcando o período pré e proto-industrial, até finais do séc. XVIII.   [Ler +]

Exposição Permanente do Núcleo Museológico da Real Fábrica Veiga/Centro de Interpretação dos Lanifícios - privilegia bens relacionados com os processos mecânico e automático de todas as operações subjacentes ao processo de recolha e transformação de fibras em tecido, abarcando o período industrial, balizado entre finais do séc. XVIII à actualidade.   [Ler +]

  • Reservas Gerais do Núcleo Museológico da Real Fábrica Veiga/Centro de Interpretação dos Lanifícios - recolhe todos os bens que, por diversas razões, não estão integrados nas Exposições Permanentes, mas que possuem características patrimoniais relevantes para a tomada de decisão sobre a sua incorporação, conservação/preservação;
  • Centro de Documentação/Arquivo Histórico do Centro de Interpretação dos Lanifícios/Real Fábrica Veiga - que recolhe e reúne os bens de natureza arquivística/documental, em diversos suportes, documentos textuais manuscritos e impressos, documentação técnica, iconografia, cartografia, e têxteis em depósitos equipados e climatizados de forma adequada para a sua correcta preservação, no âmbito específico da indústria têxtil/lanifícios, da arqueologia e património industrial, mas também na sua vertente museológica.

A colecção museológica custodiada pelo Museu de Lanifícios pode ser caracterizada quanto ao seu âmbito disciplinar, geográfico e cronológico. 

Âmbito Disciplinar

A colecção museológica, incluída nas áreas de Exposição Permanente dos Núcleos das Tinturarias da Real Fábrica de Panos, da Real Fábrica Veiga e em Reserva, integra-se no âmbito da Arqueologia pré, proto e industrial dos lanifícios. A Real Fábrica de Panos integra as estruturas arquitectónicas e arqueológicas postas a descoberto na área das tinturarias oitocentistas pombalinas, bem como a mostra e conservação dos achados recuperados durante as três intervenções arqueológicas a que o edifício foi sujeito (1986-1992). A Real Fábrica Veiga, por sua vez, integra uma colecção expressiva, num processo sistemático de incorporação, de máquinas, equipamentos, utensílios em ferro e outras ligas metálicas, madeira, materiais compostos e têxteis, já incorporadas e sujeitas a acções de conservação e restauro, com vista à sua integração nas diversas Áreas de Exposição Permanente e nas Reservas Gerais.

A globalidade da colecção identifica-se igualmente com a disciplina de História: a primeira colecção relaciona-se com a História dos Lanifícios até ao séc. XVIII, e a segunda com a História da industrialização dos lanifícios datada dos sécs. XIX-XX, a partir da caracterização económica, social, técnica e cultural da Covilhã e da região da Serra da Estrela, que devem o seu desenvolvimento à mono-industrialização dos lanifícios; e, ainda, com a Antropologia, já que reflecte a vivência económica, social e cultural de uma região, que tem por matriz a Serra da Estrela e por pólo industrial a cidade da Covilhã, assim como de uma população que, desde a Idade Média até à actualidade, se dedicou a uma actividade de produção e comercialização de fios e panos.

Ambas as colecções integram-se, igualmente, no âmbito da Ciência e da Técnica, uma vez que, através das máquinas, equipamentos e utensílios industriais e ilustrações patentes nas áreas expositivas, se pretende demonstrar os processos científicos e técnicos que permitem transformar as fibras de lã em diversificados tipos de tecido.

Âmbito Geográfico

Considerando o Museu de Lanifícios como um Museu de território, a sua missão fundamental consiste na salvaguarda e na conservação activa do património industrial têxtil assim como na promoção da investigação e da divulgação das tecnologias associadas à manufactura e à industrialização dos lanifícios nas suas dimensões antropológica, económico-social, cultural, político-institucional e ambiental num contexto territorial e organizacional de uma vasta área que tem por matriz a Serra da Estrela (com destaque para os distritos de Castelo-Branco e da Guarda) e, por centro histórico, a cidade da Covilhã.

Âmbito Cronológico

O Núcleo das Tinturarias da Real Fábrica de Panos ilustra os processos e técnicas da transformação, tingimento e acabamentos dos panos e fios de lã de uma manufactura oitocentista, enquadrados numa perspectiva histórica da evolução das tecnologias inerentes a este processo manufactureiro que termina em finais do séc. XVIII, embora se mantenha na economia doméstica de algumas localidades da região da Serra da Estrela até praticamente meados do séc. XX.

O projecto de musealização que o Museu de Lanifícios se encontra a desenvolver no complexo da Real Fábrica Veiga/Centro de Interpretação dos Lanifícios, ao abarcar o processo de industrialização, integra um acervo delimitado desde inícios do séc. XIX até aos anos setenta do séc. XX, em três fases distintas. A primeira marcada pela introdução da energia hidráulica (inícios do séc. XIX), a segunda pela introdução tardia e de complemento que constitui para a indústria covilhanense a energia a vapor (meados do séc. XIX) e a terceira pela introdução da energia eléctrica (após os anos 20 do séc. XX).

A amplitude cronológica do acervo museológico de ambos os núcleos museológicos encontra-se balizado entre os sécs. XVIII e XX, embora este pressuposto não afecte uma eventual incorporação de bens que ultrapassem os limites cronológicos traçados, desde que permitam uma melhor caracterização da evolução tecnológica pré-industrial (antes do séc. XVIII) e pós-industrial (a partir da 2ª metade do séc. XX), com a introdução da automação na indústria têxtil.

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