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História do Edifício

O complexo fabril da Real Fábrica Veiga é constituído actualmente pela interligação dos espaços de três imóveis em cantaria de granito, situados junto à Ribeira da Goldra, na Covilhã, onde se localizou a sede da empresa de lanifícios fundada por José Mendes Veiga, em 1784, a partir de uma oficina de tinturaria. A sua instalação neste local deveu-se à influência da intervenção pombalina realizada na Real Fábrica de Panos, e de que ainda subsistem algumas estruturas arqueológicas preservadas e integradas no projecto museológico desta área.

A primitiva edificação, datada de 1784, destinada à instalação de uma tinturaria foi alvo de sucessivas ampliações quer ao nível do número de edifícios quer da volumetria dos mesmos até 1834, quando se constitui como fábrica completa. Fontes iconográficas, do final do séc. XIX, permitem observar um complexo fabril diversificado em construções dispostas em dois conjuntos distintos. O primeiro, delimitado a sul pela ribeira da Goldra e a norte pela Calçada do Biribau, correspondia ao espaço onde se concentrava a quase totalidade da produção, laborando nestes edifícios as secções de preparação, fiação, tecelagem, tinturaria e ultimação. O segundo, fronteiro ao tardoz da Real Fábrica de Panos da Covilhã, que se estende para sul até à mesma calçada, destinar-se-ia a acomodar, além de outras instalações necessárias ao processo fabril (râmolas de sol, por exemplo), o espaço comercial da firma com os escritórios e armazém. Integra-se, ainda, neste complexo, entre o final do séc. XIX e o fim da administração de Cândido Alexandre de Albuquerque Calheiros, Conde da Covilhã, um terceiro agregado de edificações localizado entre a Real Fábrica de Panos e a Ponte do Rato, confrontando a norte com a Estrada Real nº55 e a sul com o Caminho do Biribau e a Ribeira da Goldra.

Tendo sido a sede de um complexo empresarial, no seu período de apogeu, de 1835 a 1891, abrangeu cerca de duas dezenas de unidades fabris, assim como diversas escolas de fiação disseminadas predominantemente pelos concelhos da Covilhã e do Fundão.

A Real Fábrica Veiga exerceu a sua actividade empresarial ininterruptamente entre finais do séc. XVIII e inícios do séc. XIX. Em 1916 este conjunto autonomiza-se, alojando até à década de noventa do séc. XX outras firmas com existência posterior, distinta e independente, desta unidade. Por esse motivo, o complexo edificado foi evoluindo em função quer do crescimento da empresa, quer da evolução tecnológica. De igual modo, as vicissitudes porque passou o imóvel contribuíram para sucessivas remodelações. Assim, em finais do séc. XIX, as estruturas primitivas foram em parte destruídas devido à impetuosidade das águas da Ribeira da Goldra como consequência de fortes chuvadas e, nos inícios dos anos 90 do séc. XX, um violento incêndio destruiu integralmente todo o interior do corpo Norte, de que restaram as fachadas em cantaria de granito.

O complexo foi inaugurado em 30 de Abril de 2005, apresentando uma área bruta de cerca de 12.000 m2, tendo a intervenção arquitectónica a que foi sujeito sido financiada com verbas comunitárias provenientes do Programa Operacional POCentro – AIBT/ Serra da Estrela.

Este complexo fabril é constituído por três corpos que se desenvolvem ao longo da Ribeira da Goldra ou Degoldra: o corpo principal a Norte caracterizado pela existência de amplas naves, que se interligam em três pisos, e um corpo anexo a Sul, de dois pisos.

Consulte Planta com Identificação e Localização dos Três Edifícios.

A parte poente do edifício fabril foi objecto de um projecto arquitectónico destinado à instalação de um silo automóvel.

O complexo edificado desenvolve-se essencialmente em três edifícios (corpos A, B e C) em três pisos:

  • No Corpo B | Piso 0 localiza-se a Recepção, que integra a Loja, para venda de publicações e produtos, a Cafetaria/Restaurante, com área de descanso ajardinada (esplanada junto à ribeira, com zona de mesas), e elevador que liga os três pisos e que se destina fundamentalmente a proporcionar o acesso a pessoas com mobilidade condicionada. Neste piso localiza-se ainda o Auditório - uma pequena sala para conferências e projecções -, uma área vocacionada para Exposições Temporárias e o espaço Ateliê/Oficina Têxtil, que possui um conjunto de equipamentos e utensílios têxteis adequados a diferentes níveis de aprendizagem, dinamizados pelo Serviço Educativo do Museu.
    Neste piso encontra-se igualmente o acesso ao Centro de Documentação/Arquivo Histórico (Corpo A), passando através da Recepção/Loja do Núcleo da Real Fábrica Veiga e beneficiando do acesso à Cafetaria/Restaurante.
    É a partir do piso 0, através de escadarias e de um elevador que se desenvolve a comunicação entre os Pisos -1 e 1.O percurso museológico da Exposição Permanente inicia-se neste piso, numa área contígua à das Exposições Temporárias, através da contextualização espácio-temporal da indústria de lanifícios. 
  • No Piso -1 continua o percurso expositivo, abarcando, no corpo Sul, a temática da energia, bem como a da tinturaria e dos acabamentos, e, no corpo Norte, as operações de preparação da lã para a fiação, da cardação e da penteação. De um conjunto de máquinas, equipamentos e utensílios destaca-se a grande Caldeira DeNayer.
  • No Piso 1, piso superior do corpo Norte, ao qual se acede através da escada existente no espaço de comunicação entre os corpos Sul e Norte, continua a Exposição Permanente através da abordagem das temáticas da fiação, da preparação para a tecelagem, da tecelagem, dos acabamentos e do armazém das fazendas. Numa das extremidades da área de Exposição Permanente localiza-se uma área de projecção multimédia.
    A partir deste piso, através da passagem por uma câmara de isolamento corta-fogo, acede-se à área de Reservas Gerais do Museu de Lanifícios, localizada no edifício contíguo - corpo Norte -, que foi recuperado e reutilizado como Centro de Documentação/Arquivo Histórico (Piso 0), área de Reservas (Piso 1) e Parque de Estacionamento (Piso 2 - coberto - e Piso 3).

Todos os pisos possuem acesso directo ao exterior e as ligações existentes no edifício permitem um fácil acesso de cargas, tanto no piso 0 como no piso 1, situação que proporciona uma grande versatilidade na sua utilização e na instalação das maquinarias e materiais da exposição.

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